Ao entrar nos vibrantes terrenos da Universidade de Lúrio, na Província de Niassa, a energia dos estudantes é palpável. O som de uma bola de basquete quicando preenche o ar enquanto os calouros jogam informalmente entre as aulas, pontuado por risos e gritos. No corredor adjacente, Jonas Masuki está se preparando para entrar em uma sala de aula. Como coordenador do Programa de Engenharia Florestal na Universidade de Lúrio, Jonas combina sua paixão pela educação e sua expertise em ciência da madeira para cultivar uma nova geração de engenheiros florestais.
A jornada de Jonas começou em Maputo, mas foi sua chegada a Niassa em 2009 que mudaria o curso de sua vida. Após estudar engenharia florestal, ele se tornou um membro dedicado da equipe de ensino em 2014, determinado a fomentar práticas sustentáveis em um país rico em recursos naturais.
“Acredito no potencial das nossas florestas,” compartilha, refletindo sobre sua visão para o futuro de Moçambique.
Na Universidade de Lúrio, Jonas supervisiona um currículo diversificado que inclui três programas principais: Engenharia Florestal, Desenvolvimento Rural e Engenharia Eletromecânica. Com cerca de 351 estudantes matriculados, ele enfatiza a importância de integrar práticas sustentáveis em sua educação. “Ensinamos nossos alunos sobre o plantio de espécies nativas e a reabilitação de ecossistemas degradados,” explica, destacando a necessidade de práticas florestais responsáveis em um ambiente que muda rapidamente.
A Universidade de Lúrio também prioriza a colaboração com empresas florestais locais. Através de aulas práticas e estágios, os estudantes ganham experiência prática que muitas vezes leva à empregabilidade.
“Muitos de nossos graduados trabalham como técnicos em cultivo civil e processamento de madeira,” Jonas observa, ilustrando o impacto tangível dessas parcerias.
Além disso, o compromisso da universidade com a sustentabilidade se estende a projetos inovadores destinados a utilizar resíduos de madeira. “Estamos desenvolvendo um laboratório de tecnologia de madeira para converter resíduos florestais em briquetes e pellets para o setor de energia,” afirma. Esta iniciativa não apenas resolve o problema do desperdício, mas também reduz a pressão sobre as florestas naturais de Moçambique, frequentemente superexploradas para carvão e lenha.
Jonas é otimista quanto ao futuro da engenharia florestal em Moçambique. Ele reconhece o potencial único de Niassa, a maior província do país, e acredita que com a gestão adequada, os recursos da região podem ser aproveitados de maneira sustentável. “Estamos na vanguarda do desenvolvimento do setor florestal, e há uma imensa oportunidade de crescimento,” afirma.
Em seu papel, Jonas também defende a igualdade de gênero no setor florestal. Com cerca de 40% dos estudantes do programa sendo mulheres, ele luta por uma maior participação feminina no setor. “Empoderar as mulheres é crucial para alcançar a igualdade de gênero na silvicultura e na agricultura,” enfatiza. As mulheres frequentemente se atraem para funções de conservação, contribuindo significativamente para práticas sustentáveis na indústria.
Enquanto o sol do meio-dia se instala sobre os campos da universidade, sem uma nuvem no céu, Jonas reflete sobre os desafios que virão. O caminho para a silvicultura sustentável é repleto de obstáculos, desde as mudanças climáticas até a gestão dos recursos, mas sua determinação permanece firme.
“Através da educação e inovação, podemos transformar a paisagem florestal em Moçambique,” diz ele com convicção.
Jonas Masuki está na interseção entre a tradição e o progresso, nutrindo o futuro das florestas de Moçambique. A cada estudante que orienta e a cada iniciativa que inspira, ele está lançando as bases para um amanhã mais verde e sustentável.